A presidente da Associação Cabo-verdiana dos Surdos, (ACS), apelou hoje ao Governo a adaptar o currículo escolar e o horário para melhorar as condições de aprendizagem dos alunos e integrá-los no sistema educativo. Helena Augusta Tavares falava no âmbito do Dia Internacional da Língua Gestual, que se celebra hoje.
A mesma fonte, que é também professora de Língua Gestual, falava à Agência cabo verdiana de notícias, com o objetivo de aumentar a consciencialização sobre a importância da língua na inclusão social de pessoas surdas e na promoção dos direitos humanos.
A presidente, que destacou a importância da língua gestual na inclusão das pessoas surdas, sublinhou que Cabo Verde está “bastante melhor” do que há 30 anos, mas existem ainda “muitos desafios” a serem ultrapassados.
Entretanto, Helena Augusta Tavares defendeu a adaptação do currículo escolar e o horário, porque, alegou, os alunos precisam de mais tempo para aprender, mas têm menos carga horária e com uma disciplina a mais.
“Precisamos também de formação em Língua Gestual para professores ouvintes, uma vez que há uma necessidade de intérpretes”, apontou a responsável, dando conta que de vez em quando desloca-se às outras ilhas para ministrar formação, mas não é suficiente para responder à demanda.
Tavares explicou que actualmente não usam o dicionário da Língua Gestual Cabo-verdiana porque “infelizmente, não serve para lecionar” uma vez que “tem poucas palavras, é muito curto e pobre”, e está disponível só para os profissionais de língua gestual, ou seja, para a comunidade surda.
Disse ainda que para além do excesso de carga horária, os professores são obrigados a fazer trabalho de intérprete em Língua Gestual gratuitamente e fora do horário de trabalho.
Acrescentando que neste momento existem turmas exclusivas que trabalham com alunos surdos, mas nem todas as ilhas dispõem.
Para a presidente da Associação, os professores e profissionais que trabalham com crianças surdas não são valorizados em Cabo Verde.
Segundo avançou a presidente da Associação Cabo-verdiana dos Surdos, actualmente existem em Cabo Verde cerca de sete mil alunos surdos.
Fonte: Inforpress // Ad: Redação Tiver