ANGOLA: POBREZA FAZ AUMENTAR ABUSOS DE CRIANÇAS

Os abusos de crianças em Angola estão muitas vezes ligados à pobreza em que vivem os menores e seus familiares, disseram especialistas à Voz da América, no Lubango, Huíla. De janeiro a outubro, foram registados 822 casos de abuso sexual, de acordo com a diretora nacional adjunta do Instituto Nacional da Criança, Elisa Gurgel.

Os números, segundo Elisa Gurgel, associados a outros casos de violência contra crianças, como a fuga à paternidade e a exploração infantil, representam violentos atentados aos direitos das crianças. A estes casos de violação dos direitos das crianças, juntam-se vários outros como o retorno em força de crianças a mendigar na rua das cidades angolanas.

Sérgio Mateus, agente social na Huíla, vê no fenómeno um sinal de que direitos fundamentais, como a alimentação, têm estado a falhar e um contraste aos compromissos feitos por Angola de erradicar a pobreza.

“Nós temo-nos comprometido em fazer esta luta de erradicar a fome e a pobreza até ao ano 2030, mas faltando agora cerca de seis anos o nosso quadro de pobreza é bastante desafiador”, afirma Mateus.

O agente social acrescenta que “a presença dessas crianças pedintes, mendigas, nas artérias da cidade do Lubango é a evidência da violação de um direito fundamental, sobretudo o direito à alimentação, é a negação do cumprimento na realização dos objetivos de desenvolvimento sustentável principalmente no que diz respeito a erradicação da fome e a pobreza”.

O antigo diretor da Rede Crianças na Huíla sugere medidas de políticas públicas que protejam as famílias da pobreza e consequente exposição das crianças à violação dos seus direitos.

“As melhores soluções seriam aquelas que respondem exatamente à redução da fome e da pobreza que promovem o fortalecimento das competências familiares para sustentarem o seus agregados”, conclui.

Anderson Costa trabalha num projeto que acolhe centenas de crianças na Huíla e aponta os casos de abuso sexual e de desnutrição como elementos que colocam em causa os direitos das crianças, mas alerta para o que chama de desestruturação que começa a atingir as famílias.

“A maior parte por exemplo dos abusos sexuais e violência sexual ou violência física verbal contra a criança ela acontece na maioria no ambiente familiar e isso nos diz muito. Claro que as causas que envolvem e que retroalimentam essa condição também refletem as condições estruturais do país”, conclui.

Fonte: VOA

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