A directora nacional da Saúde, Ângela Gomes, afirmou hoje, que a actualização da Carta Sanitária representa um marco importante na reorganização do sistema nacional de saúde numa altura em que o país celebra 50 anos de independência.
A posição foi expressa pela directora nacional da Saúde, Ângela Gomes, durante a abertura do primeiro atelier de revisão e actualização da Carta Sanitária, na cidade da Praia.
Segundo a responsável, esta actualização surge num momento simbólico em que o país celebra 50 anos de independência, e assume-se como um marco importante na construção de um sistema mais eficiente, sustentável e equitativo.
“Nós temos vivenciado ganhos que não podem ser negados. São visíveis, palpáveis e sentidos pela nossa população”, afirmou, recordando que, em 2021, Cabo Verde alcançou um índice de cobertura universal de 71 pontos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um desempenho comparável ao de países desenvolvidos.
Apesar desses progressos, Gomes alertou para os novos desafios enfrentados pelo país, que exigem uma maior rentabilização dos recursos num contexto macroeconómico difícil.
Destacou ainda a importância de garantir qualidade e acesso equitativo aos cuidados de saúde em todo o território, marcado pela dispersão geográfica.
A revisão da Carta Sanitária, conforme explicou, será feita com base no diálogo e na construção de soluções práticas, envolvendo todos os parceiros, incluindo o sector privado, cuja contribuição tem sido fundamental na descentralização de respostas mais complexas.
Também presente na cerimónia, o representante da Comissão de Revisão da Carta Sanitária, José Manuel D’Aguiar, realçou que o documento, publicado em 1999, já conta com 26 anos e deveria ter sido actualizado regularmente.
“Se assim tivesse ocorrido, estaríamos hoje a trabalhar na terceira revisão da Carta e não na primeira”, observou, sublinhando que a Carta Sanitária é um instrumento estratégico de planificação essencial para garantir o acesso equitativo a serviços de saúde de qualidade, independentemente do local de residência dos cidadãos.
Segundo o representante, o grande desafio actual é encontrar o equilíbrio técnico na alocação e distribuição de recursos humanos, materiais e tecnológicos, tendo em conta as reais necessidades da população.
Advertiu ainda que o documento sofreu múltiplas alterações ao longo dos anos, nem sempre devidamente justificadas, o que exige agora uma abordagem mais sistemática e adaptada à transformação constante do país.
A sessão, marcada pela participação de diversos actores do sector da saúde, pretende abrir caminho para uma Carta mais robusta, participativa e alinhada com os princípios de equidade e sustentabilidade.
Fonte: Inforpress // Ad: Redação Tiver