O Presidente da República, José Maria Neves, disse hoje que, nos 50 anos da Independência, Cabo Verde deu um “salto gigantesco”, com ganhos em domínios como a saúde, educação e infraestruturação do país.
“Cabo Verde é hoje um país de rendimento médio e com grande credibilidade internacional”, afirmou o chefe de Estado, acrescentando que se conseguiu criar um Estado com instituições que funcionam e se fez a “transição para a democracia”, pelo que os cabo-verdianos têm motivos para comemorarem os ganhos destes 50 anos.
José Maria Neves fez estas considerações em entrevista à Inforpress, a propósito dos 50 anos da Independência de Cabo Verde, que se comemora no próximo dia 5 de Julho.
Quando Cabo Verde se tornou independente, José Maria Neves era um jovem adolescente, tendo acompanhado o percurso destas ilhas do Atlântico Médio. Foi chefe do Governo durante 15 anos.
Na sua opinião, há que “melhorar o nível do debate político” em Cabo Verde, para o país poder fazer face aos desafios dos próximos anos.
Para o desenvolvimento durável do país, enfatizou José Maria Neves, há que “abrir novos caminhos” e pensar de forma diferente, ou seja, “agir com mais sofisticação e mais celeridade”.
Instado sobre os que, em 75, abandonaram o país, alegando que Cabo Verde era “inviável” e, por conseguinte, não aguentaria seis meses, o Presidente da República declarou que alguns deixaram o arquipélago, porque “uns eram contra a ideia da independência e outros “não acreditavam nas possibilidades de o país viver enquanto Estado soberano”.
Acrescenta que muitos consideraram que, fora de um quadro de unidade Guiné-Cabo Verde, “seria difícil a construção de um Estado independente”.
Para José Maria Neves, o desenvolvimento alcançado significa que “valeu a pena a independência e valeu a pena termos trabalhado de mãos dadas, desde 1975, para a construção de um país”.
Na sua perspectiva, os cabo-verdianos têm uma “grande ânsia de desenvolvimento”.
Nos primórdios da independência, o arquipélago contou com a mão amiga de países como Portugal, Angola, Moçambique e Tanzânia.
De acordo com o Presidente, a partir do “prestígio granjeado pelo PAIGC e por Amílcar Cabral na arena internacional”, Cabo Verde pôde contar com a amizade e a solidariedade de muitos países do mundo, nomeadamente de Portugal e Angola.
O chefe de Estado lembrou, ainda, que Cabo Verde tem contado com a cooperação de vários outros países e de várias instituições financeiras internacionais.
José Maria Neves citou outras instituições que desde sempre apoiaram Cabo Verde, como o Sistema das Nações Unidas, o Banco Mundial, o Banco Africano de Desenvolvimento, o Banco Europeu de Investimentos e um conjunto de outros pacotes financeiros internacionais, como o Millennium Challenge Account.
“Tivemos dois pacotes do Millennium Challenge Account”, realçou o Presidente que indicou outros “importantes parceiros”, nomeadamente Holanda, Luxemburgo, a França, a Alemanha e, também, outros países africanos, designadamente a Nigéria, África do Sul, Argélia, Marrocos, Egipto e Tunísia.
“Os primeiros quadros cabo-verdianos na área da aviação foram formados na Tunísia”, recordou o chefe de Estado, realçando que Cabo Verde contou desde o início com uma “forte cooperação” da comunidade internacional.
Ao ser confrontado com a preocupação dos cabo-verdianos no concernente à saúde, reconheceu que o arquipélago “evoluiu muito” neste sector, mas que se deve acelerar passos em ordem a responder às necessidades da população.
Sublinhou que, para responder às demandas e às exigências das pessoas, é preciso que as coisas sejam feitas com “muito mais eficácia e muito mais eficiência”.
O Presidente da República não ficou indiferente aos problemas da cidade da Praia no que diz respeito às acessibilidades.
“Temos de ter novas vias, circuitos alternativos e temos de repensar todas as acessibilidades aqui na cidade da Praia”, sugere o chefe de Estado, concluindo que, caso contrário, “vamos nos bloquear”.
Para José Maria Neves, o que permitiu desenvolver o país até hoje já deu os resultados, pelo que “precisamos procurar novos caminhos, novas estratégias, acelerar o passo e ser muito mais eficaz”.
Cinco décadas depois, ainda há cabo-verdianos que vivem no limiar da pobreza extrema. Perguntado se esta situação não deve interpelar à consciência dos políticos, respondeu: “Claro, dos políticos e de todos os cabo-verdianos”.
Fonte: Inforpress // Ad: Redação Tiver