BATUCO EM PROCESSO DE CLASSIFICAÇÃO COMO PATRIMÓNIO NACIONAL

O batuco, género musical e de dança tradicional cabo-verdiana, encontra-se atualmente em processo de preparação de um dossiê, com vista à sua classificação como património nacional. A revelação foi feita hoje pelo Instituto do Património Cultural.

As informações foram avançadas pela directora do Património Imaterial do IPC, Carla Semedo, por ocasião do Dia Nacional do Batuco, que se assinala anualmente a 31 de Julho, indicando que o inventário necessário para o dossiê já está em curso.

Este inventário, iniciado há alguns anos nos municípios de Santa Cruz e Tarrafal, na ilha de Santiago, visa agora alargar o levantamento aos restantes municípios da ilha, e, numa segunda fase, estendê-lo às ilhas do Maio e da Boa Vista, onde há uma presença activa de grupos de batuco.

A conclusão deste trabalho permitirá ao IPC elaborar o dossiê a ser submetido ao Conselho de Ministros, constituindo o primeiro passo para a classificação nacional do batuco.

Numa fase posterior, referiu, será preparada a candidatura do Batuco a Património da Humanidade, um processo mais abrangente, envolvendo também a diáspora, nomeadamente nos Estados Unidos, Portugal, e outros estados europeus e africanos.

Questionada sobre prazos para a conclusão do dossiê em curso, Carla Indira Semedo referiu que, dada a complexidade e abrangência do batuco, ainda não existe uma data definida para a conclusão do inventário, mas o objectivo é que seja finalizado até 2026.

Paralelamente a isto, lembrou que o Ministério da Cultura lançou este ano editais destinados ao fomento da actividade dos grupos de batuco, com apoios à gravação de músicas, aquisição de instrumentos e participação em eventos.

“Houve uma boa adesão, com vários grupos a candidatarem-se e a serem beneficiados”, afirmou a directora.

Relativamente aos desafios actuais para a preservação do batuco, Carla Indira Semedo destacou que, apesar da forte presença de grupos em Cabo Verde, existem casos de desagregação, que interrompem a dinâmica e a continuidade da prática.

“Importa garantir alguma continuidade dos grupos, já que a vivência do batuque pressupõe uma reflexão sobre a sociedade”, observou.

Sobre alegadas burocracias no registo dos grupos, a directora esclareceu que não há entraves à sua criação. A formalização é apenas exigida nos casos em que os grupos se candidatam a financiamento, para efeitos de prestação de contas.

“Trata-se de um procedimento normal, aplicável a qualquer entidade que solicita apoios, e existem orientações claras e acessíveis à sociedade civil”, assegurou.

Ainda sobre a promoção do género, Carla Indira Semedo destacou a realização anual da “Roda do Batuco”, promovida pelo Ministério da Cultura, como uma importante iniciativa que proporciona visibilidade e partilha entre os grupos de batuco e a comunidade.

Fonte: Inforpress // Redação Tiver

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