Dados preliminares de 2024 mostram que as mulheres continuam a assumir maior carga de trabalho não remunerado, com maior participação, com um total de 88,8% e com mais horas semanais, ou seja, 22h42, enquanto que os homens representam um total de 70,2% e 14h. Por ocasião da apresentação dos dados, foi também socializado a proposta de programa nacional de apoio à conciliação entre a vida laboral e familiar.
Para além dos dados que reforçam a persistência da desigualdade de género na distribuição do tempo dedicado às responsabilidades domésticas e de cuidados, foi socializado também a proposta de programa nacional de apoio à conciliação entre a vida laboral e familiar de homens e mulheres.
Lídia Lima, avançou que a implementação de política nacional e cuidados, serve para promover maior conciliação entre a vida laboral e profissional.
A secretária adiantou que com os resultados, vão ser implementadas políticas para melhorar a situação.
Sobre a apresentação dos dados, a iniciativa foi promovida pelo ICIEG, em parceria com o INE, e enquadra-se nas celebrações do Dia da Mulher Africana, assinalado a 31 de julho. A pesquisa teve uma cobertura nacional, com uma amostra de 3.306 agregados familiares e uma taxa de resposta de 73,8%.
Segundo a técnica do INE, Alice Mota, os dados indicam que a taxa de participação da população em trabalhos não remunerados é de 79,48% com uma maior representação feminina, ou seja 88,8% das mulheres estão envolvidas nestas tarefas, face a 70,21% dos homens.
Em média, as mulheres dedicam 22 horas e 42 minutos semanais ao trabalho não pago, enquanto os homens contribuem com 14 horas, sendo que a média nacional é de 18 horas e 55 minutos.
Relativamente ao trabalho doméstico geral, 74% da população participa, sendo 85,7% mulheres e 62% homens.
No que respeita à preparação das refeições, limpeza da casa, cuidados com animais, tratamento da roupa e compras quotidianas, o tempo despendido pelas mulheres é consistentemente superior ao dos homens.
As actividades como produção para o próprio consumo, construção e reparação de habitação e gestão externa são dominadas pelos homens, enquanto que as tarefas de cuidados a membros do próprio agregado familiar, as mulheres representam 39,7% da taxa de participação, contra 19,5% dos homens.
Por outro lado, o tempo total dedicado ao cuidado de crianças, dos 0 aos 14 anos, idosos e pessoas com deficiência é de 10 horas e 56 minutos semanais.
O trabalho comunitário ou voluntário gratuito é muito reduzido, com apenas 1,3% de participação total, sendo que 1,5% nos homens e 0,9% nas mulheres e o tempo médio semanal é de 19 horas e 54 minutos para os homens e 14 horas e 56 minutos para as mulheres.
Por outro lado, atividades pessoais como dormir e comer abrangem 100% da população, com um tempo médio total de 73 horas e 42 minutos por semana.
O estudo reforça que o trabalho não remunerado é essencial para o funcionamento da estrutura socioeconómica do país, garantindo bem-estar físico, apoio emocional e psicológico e a manutenção das relações sociais.
Redação Tiver // Inforpress