Cabo Verde registou uma descida expressiva da mortalidade infantil, passando de 108 mortes por cada mil nascimentos para apenas 10,8, um progresso que coloca o país entre os mais bem classificados do continente africano. Os dados foram avançados pelo pediatra António da Cruz, que aponta esta evolução como “um avanço considerável” para o sistema de saúde nacional.
Segundo o especialista, apesar dos ganhos alcançados, o país enfrenta um problema que é global, a mortalidade de recém-nascidos prematuros, sobretudo os prematuros extremos, bebés que nascem antes das 28 semanas de gestação ou com menos de 1 000 gramas.
António da Cruz explica que a mortalidade infantil concentra-se sobretudo no período neonatal, onde se incluem os bebés que nascem com mais de 22 semanas e mais de 500 gramas e que não resistem. Embora, em grandes centros internacionais, seja possível salvar crianças a partir das 23 ou 24 semanas, muitas acabam por desenvolver graves sequelas.
O país consegue actualmente prestar cuidados a bebés a partir das 25 semanas de gestação, recorrendo a técnicas que evitam sequelas graves. Desde 2003, com a melhoria dos serviços de neonatologia, Cabo Verde tem registado resultados consistentes, num universo de 3 001 prematuros ao longo dos últimos 13 anos, foram salvos 80,8%, reduzindo a mortalidade nesta faixa para 19,1%.
Até Outubro deste ano nasceram 47 750 crianças no país, das quais 240 foram prematuras. A taxa de sobrevivência global nos hospitais é de 98,1%, e no Hospital Agostinho Neto, a principal maternidade do país, a mortalidade situa-se nos 1,1%. Para o pediatra, estes números mostram que o país avançou, mas reforçam também a necessidade de continuar a investir nos cuidados aos prematuros, o grupo mais vulnerável.
Redação Tiver