Cabo Verde, apesar dos progressos, necessita de trabalhar e articular melhor os determinantes da saúde animal, ambiental e humana para uma actuação mais eficaz na abordagem “Uma Só Saúde”, afirmou hoje a presidente do Instituto Nacional da Saúde Pública.
Maria da Luz Lima falava à imprensa à margem do Workshop Nacional Conjunto do Regulamento Sanitário Internacional – Desempenho dos Serviços Veterinários (RSI-PVS), que se iniciou hoje na cidade da Praia.
O evento, que decorre até sexta-feira, 21, tem como objectivo analisar as ferramentas e instrumentos já elaborados no âmbito da abordagem “Uma Só Saúde”, implementada no país desde 2017. O trabalho visa identificar lacunas e constrangimentos para reforçar a segurança sanitária nacional.
“Basicamente, o que iremos fazer, nesses três dias, é analisar todas as ferramentas e instrumentos já elaborados no âmbito da abordagem ‘Uma Só Saúde’”, explicou a porta-voz do grupo reunido.
“Com tudo o que nós consumimos, já se sabe que cerca de 70%, das doenças que ocorrem no nosso continente são zoonoses, ou seja, vêm dos animais, por contacto, a nível do ambiente, ou através do consumo”, esclareceu, sublinhando que os próximos passos vão no sentido de reforçar a implementação desta abordagem.
Nesta matéria, Cabo Verde elaborou um plano de “Uma Só Saúde” em 2022, mas Maria da Luz Lima reiterou a necessidade de uma apropriação “mais intensa” dos documentos existentes para garantir o trabalho em rede entre os sectores.
Para Maria da Luz Lima, um dos maiores desafios de Cabo Verde reside na segurança sanitária dos alimentos, uma vulnerabilidade que, segundo a responsável, está ligada ao saneamento e que tem influenciado as três vertentes da saúde (humana, animal e ambiental).
A presidente do INSP recordou que uma avaliação realizada em 2019 classificou o país com indicadores de risco em três níveis: verde, vermelho e amarelo.
“Tivemos um verde a nível da vacinação, mas muitos pontos amarelos e vermelhos, relacionados com a parte da saúde animal e ambiental”, ressaltou, frisando não estar a acusar a parte da saúde animal e ambiental.
Neste contexto, Maria da Luz Lima destacou a necessidade de focar na segurança sanitária dos alimentos, nomeadamente na forma como os animais são criados, preparados para abate, e como é feita a preparação, o consumo e a conservação.
“O que nós queremos é que Cabo Verde tenha cada vez melhores indicadores de saúde, a nível da África, da saúde única. Para isso temos de trabalhar os três estados dessa intersectoralidade”, precisou.
A veterinária Analina Olende, que também participa no encontro, reforçou que a avaliação contínua é essencial para detetar pontos críticos de melhoria, garantindo a qualidade.
“Por meio desta avaliação, podemos obter uma visão mais ampla e integrada das acções que estão sendo implementadas, permitindo ajustes e melhorias contínuas”, disse.
O workshop visa, em última instância, reforçar a colaboração intersectorial, crucial para prevenir, detetar e controlar doenças zoonóticas, garantir a segurança sanitária e fortalecer a abordagem “Uma Só Saúde” no país.
Fonte: Inforpress // Redação Tiver