O agente da PSP que baleou Odair Moniz na Cova da Moura, na Amadora, reconheceu durante o primeiro interrogatório na Polícia Judiciária que não foi ameaçado com uma arma branca, ao contrário do que escreveu no auto de notícia. O Ministério Público defendeu que Odair Moniz tentou fugir da PSP e resistir à detenção, mas nunca descreve qualquer ameaça com recurso a arma branca.
No auto feito às 14h55, o agente descreveu a perseguição até à chegada do INEM, mencionando que Odair Moniz tentou agredir e insultar os agentes, além de tentar tirar-lhes o bastão. Sobre a arma branca, o agente relata que Odair colocou a mão na cintura e levantou a camisola, aparentemente agarrando um objeto semelhante a uma lâmina de faca, embora não conseguisse dar mais detalhes.
O agente afirmou que, ao perceber que Odair Moniz segurava uma arma branca, este clamou o braço e baixou-o na sua direção. Para se proteger, a polícia usou o antebraço, recuou e atirou duas vezes na linha da cintura para neutralizá-lo, demonstrando que Odair queria atingi-lo mortalmente na cabeça. Segundo o auto, os disparos foram sucessivos, e o primeiro não terá atingido Odair, pois ele não alterou o comportamento. No entanto, a acusação do Ministério Público contesta essa versão, alegando, com base na autópsia, que o primeiro tiro foi fatal..
O auto indica que Odair estava em cima do agente, a acusação, baseada em imagens de videovigilância, afirma que estava a uma distância entre 20 e 50 centímetros. O agente também declarou que Odair só caiu com o segundo tiro, momento em que largou um punhal, que correspondia ao objeto que o agente viu retirar da bolsa.
No interrogatório à PJ, o agente omitiu vários detalhes classificatórios no auto. Relatou que, após uma perseguição policial no bairro da Cova da Moura, Odair resistiu e os agrediu. Sobre a faca, afirmou apenas ter visto um objeto semelhante a uma lâmina numa das bolsas de Odair e que isso conseguiu alcançá-la. Disse ter temido pela própria vida e pela do colega, testemunha no processo. Admitiu ter feito dois tiros para o ar e dois na direção de Odair, tentando apontar para baixo para evitar a sua morte.
A Polícia Judiciária reuniu o colega do agente acusado de homicídio, que afirmou que ambos foram agredidos, mas não confirmou a tentativa de agressão com faca. Ele também não viu o primeiro tiro, pois foi apanhado o rádio do chão. O punhal só foi avistado quando o corpo de Odair Moniz foi rodado pelo INEM. O Ministério Público investiga possível falsificação do automóvel da PSP e acusou o agente de homicídio, concluindo que Odair Moniz tentou fugir e resistir à detenção, sem ameaçar com arma branca.
Fonte: RTP // Ad: Redação Tiver