O investigador Pedro Freitas disse à Lusa que o insucesso escolar de alguns alunos cabo-verdianos que ingressam nas universidades portuguesas pode ser explicado pela falta de informação, baixos rendimentos e pela falta de “solidez académica”. Segundo a mesma fonte, cerca de 17% dos alunos cabo-verdianos em Portugal desiste dos estudos no primeiro ano e apenas 36% termina o curso num horizonte de sete anos.
Pedro Freitas, professor na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, participou numa investigação, do centro de investigação NOVAFRICA, em que se comprovou que “existe um certo desalinhamento entre as expectativas dos alunos e aquilo que é a realidade [portuguesa], e isso é que é preocupante”, indicou.
Segundo o docente, apesar de apenas 36% finalizar os estudos, quando os alunos do 12.º ano em Cabo Verde foram questionados sobre se o iriam conseguir fazer, perto de 50% achava que sim.
Outro “desalinhamento da realidade” tem a ver com a questão financeira, referente às bolsas de estudo.
Segundo explicou à Lusa, o “optimismo excessivo dos alunos cabo-verdianos em relação ao acabar o curso ou a ter bolsa de estudos” que motivou uma investigação, conduzida pelo NOVAFRICA, em que se tentou perceber se há alguma falha de informação.
Se os alunos tiverem a certeza de que se vão graduar, a sua intenção de imigrar aumenta 36 pontos percentuais, e se os alunos souberem que vão ter bolsa de estudos, a probabilidade de imigrar aumenta 30 pontos percentuais, segundo os dados citados pelo docente.
Para Pedro Freitas, existe ainda uma outra dimensão, que este grupo de investigadores ainda não estudou: a preparação académica.
Outro aspecto que prejudica o percurso escolar destes alunos é a demora dos vistos, que muitas vezes lhes é dado, por exemplo, em Janeiro ou Fevereiro, quando o ano escolar começa em Setembro.
Fonte: Expresso das Ilhas // Ad: Redação Tiver