O presidente da Associação Médica de Moçambique (AMM), Napoleão Viola, afirmou hoje que pelo menos 108 pessoas foram baleadas e 16 morreram na violência pós-eleitoral dos últimos dias, admitindo que há serviços de saúde em rutura face à “pressão”. Números que sublinha serem apenas os registados pela associação.
“Em algumas unidades sanitárias, infelizmente, há alguns serviços que já começam a não funcionar, especialmente os serviços ambulatórios, das consultas. Infelizmente, até algumas situações de vacinas para as crianças, que são muito importantes”, afirmou Viola, durante a marcha de protesto que centenas de profissionais de saúde, liderados pelos médicos, promoveram hoje em Maputo.
Números que sublinha serem apenas os registados pela AMM: “Não temos a capacidade de ter o controlo da máquina toda ao nível nacional e, portanto, com certeza, haverá muito mais casos a ocorrerem”.
Em causa está a violência que se seguiu ao anúncio dos resultados das eleições gerais de 09 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), com a vitória nas presidenciais de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975), com 70,67% dos votos.
Segundo a CNE, Venâncio Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional, tendo convocado várias manifestações, uma greve geral de sete dias, a partir de 31 de outubro, e uma marcha nacional em Maputo no dia 07 de novembro.
Essas manifestações, travadas pela polícia, têm degenerado em confrontos, com o uso de gás lacrimogéneo e armas de fogo para dispersar manifestantes, que, por sua vez, cortam ruas e avenidas, respondendo com pedras e pneus a arder.
A situação, conjugando feridos nos confrontos com a polícia e os efeitos da paralisação e estradas bloqueadas, que impedem a rendição dos profissionais de saúde, estão a colocar “pressão” nos hospitais.
Fonte: Correio da Manhã