A organização ACLED estima que Cabo Delgado registou 14 eventos violentos entre 10 e 23 de novembro, envolvendo extremistas do Estado Islâmico e provocando 12 mortos, e alertou para o agravamento da situação em Nampula.
De acordo com o mais recente relatório da organização de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED, na sigla em inglês), dos 2.270 eventos violentos registados desde outubro de 2017, quando começou a insurgência armada na província moçambicana de Cabo Delgado , um total de 2.107 envolveram elementos associados ao Estado Islâmico Moçambique (EIM).
Estes ataques provocaram em pouco mais de oito anos 6.341 mortos, referidos no novo balanço, incluindo as 12 vítimas reportadas nestas duas semanas de novembro.
“Os confrontos entre as forças estatais e o EIM foram retomados no distrito de Macomia, no que parece ser uma importante operação de contra-insurgência em curso”, lê-se no relatório, que recorda que o Estado Islâmico afirmou num boletim semanal que, em 10 de novembro, o EIM repeliu as tentativas das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) de recuperar um posto avançado em Quiterajo.
“A 15 de novembro, o EI afirmou ter ferido dois soldados ruandeses num confronto 20 quilómetros a sul, na aldeia de Cogolo. Seis dias depois, fontes locais afirmam que ocorreram outro confronto em Cogolo, quando o EIM emboscou as forças ruandesas que tinham descoberto um engenho explosivo improvisado colocado pelo grupo. Não se registaram vítimas mortais e, de acordo com uma fonte, o EIM sofreu feridos no confronto”, descreve ainda o ACLED.
O relatório aborda igualmente a entrega de elementos do EIM pelos distritos de Eráti e Memba , na província vizinha de Nampula , relatando que “até 21 de novembro, já realizou 13 ataques contra comunidades civis nos dois distritos e matado pelo menos 21 civis”, movendo-se em “pelo menos três grupos”.
“A actividade do EIM na província de Nampula atingiu o seu ponto mais alto em novembro, com 16 eventos nas primeiras três semanas do mês e a maior taxa mensal de mortalidade desde o início da insurgência. área, possivelmente com vista a reforçar as rotas de abastecimento para recrutas e mercadorias”.
O ACLED regista que registou pela primeira vez a actividade insurgente em Memba em junho de 2022 e em Eráti em agosto de 2022, mas sublinha que “há provas de que o grupo tem ligações evidentes com a província”, inclusive com redes locais de recrutamento, segundo investigador, “desde pelo menos 2016”.
“A violência da actual estadia pode, paradoxalmente, ser um indicador de que o EIM deseja reforçar a sua posição numa área onde tem ligações fortes. As deslocações em massa e a desestruturação da administração civil, particularmente na ausência de uma resposta militar eficaz, criam um ambiente em que o grupo pode operar com alguma liberdade”, alerta o ACLED.
Mais de 10 mil pessoas fugiram em dois dias de Memba, província moçambicana de Nampula , devido a ataques de grupos terroristas, elevando 82 mil deslocados desde 11 de novembro, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
De acordo com o mais recente relatório daquela agência das Nações Unidas, a verificação conjunta entre a OIM e as autoridades locais “confirmou a deslocação de 16.131 famílias”, totalizando 82.691 pessoas, entre 11 e 25 de novembro, do distrito de Memba para o de Eráti, ambos em Nampula. Até 23 de novembro, era total de deslocados ascendia a 14.172 famílias (71.983 pessoas), segundo o relatório anterior da OIM.
Fonte: DW