O presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde, Francisco Carvalho, disse que o verdadeiro Estado da Nação é marcado por “falhanços” em todas as áreas e “retrocesso” generalizado. A constatação foi feita em conferência de imprensa, na Cidade da Praia, sobre o Estado da Nação na ótica do PAICV, incluindo uma análise crítica da conjuntura actual e dos principais desafios estratégicos que se colocam ao país.
“Não há barcos e nem aviões suficientes. As ilhas estão cada vez mais desconectadas, o turismo não cresce como podia, a economia não avança e as famílias vivem separadas dos seus sonhos e das suas necessidades”, afirmou Francisco Carvalho.
Acrescentou ainda que os jovens estão “sem esperança, não têm acesso à formação técnica e profissional, sem condições para pagar a Universidade e nem perspectivas de emprego”.
O presidente do maior partido da oposição disse também, que todos os dias os cabo-verdianos, sobretudo os jovens e funcionários públicos estão a sair para fora do país para procurarem melhores condições de vida, considerando que esta atitude é devido à falta de criação de condições do Governo durante esses 10 anos de governação para reter sequer quem já tinha um emprego.
“Todos os dias vemos campanhas nas redes sociais, pessoas a pedir ajuda para ter acesso a cuidados de saúde. Muitos ficam doentes em casa, sem dinheiro para ir a um hospital. E quando lá chegam, tudo lhes é cobrado, da consulta ao medicamento”, certificou o presidente do PAICV.
Este político, afirmou ainda que no mundo rural houve um “retrocesso brutal”, sublinhando que o investimento na agropecuária caiu de 3,3 milhões de contos em 2015 para apenas 800 mil contos em 2025. E no sector primário, indicou que os empregos caíram de 41.253 em 2016 para 15.092 empregos em 2024. “Foram destruídos 26.161 empregos, ou seja, caiu cerca de 63%”, disse.
Diante destas “falhas”, segundo Carvalho, o Estado da Nação é um “retrocesso generalizado”, uma “debandada” em massa da juventude trabalhadora e uma “descrença profunda” nas instituições da República.
De acordo com o presidente do PAICV, o Estado da Nação, que apresenta um mundo de faz de contas, onde o progresso é expressado em “números falsos e imagens bonitas” nas redes sociais, “não faz parte” da realidade que se encontra nas ruas, nos bairros, nos comércios e nas conversas com as pessoas.
Reforçou, a mesma fonte, que o Estado da Nação apresentado pelo Governo é “falso e superficial” e que isto significa “desrespeitar o povo”, que, segundo disse, sofre todos os dias com as dificuldades estruturais, económicas e sociais.
O debate sobre o Estado da Nação aconteceu esta quinta-feira, 31, na Assembleia Nacional, durante a segunda sessão plenária do mês de julho.
Fonte: PAICV // Redação Tiver