A população de Rincão vai pedir uma indemnização ao Estado pelas alegadas irresponsabilidades cometidas pelas autoridades marítimas na tragédia do metanol de agosto de 1986 naquela vila do município de Santa Catarina, no interior de Santiago. A intenção foi revelada pelo porta-voz da população e familiares, Ricardo Fidalgo, que informou que este pedido vai ser feito através de uma petição dirigida à Assembleia Nacional, e foi apresentado ao primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, na terça-feira, 06.
A ingestão de metanol, um produto utilizado para arrefecer motores de aviões, provocou oito mortes e cerca de 30 hospitalizados.
O produto ingerido fora encontrado por três pescadores num bidão que boiava à deriva a uma milha da costa, proveniente do navio a motor “Ilha do Sal”, que encalhou na localidade de Baixo Galhão, ilha do Maio. 38 anos depois, segundo a população de Rincão, não há notícias de que alguém ou instituições tenham sido responsabilizados pela tragédia de agosto de 1986, que enlutou a outrora comunidade que salvou milhares de pessoas no fome de 47 e que teve juntamente com Ribeira da Barca um papel importante na mobilização pela luta da libertação nacional.
Ricardo Fidalgo disse que esta iniciativa se justifica com o facto de o Estado ter responsabilidades no que aconteceu nessa pacata aldeia do interior de Santiago, porque as autoridades marítimas não recolheram os bidões dos combustíveis e nem emitiram alertas para as comunidades piscatórias sobre o ocorrido.
Acrescentou ainda que esta pensão financeira já atribuída em casos semelhantes se justifica, porque, segundo insistiu, estas pessoas foram prejudicadas por causa do baixo nível de educação e porque o próprio Estado teve uma “grande negligência” que levou a perda dessas vidas humanas. “Volvidos 38 anos, apenas pedimos indemnização as vítimas e famílias daqueles que perderam vidas e também efetivamente programas sociais de reabilitação e restauração daquelas pessoas que passaram por este processo, porque houve claramente trauma coletivo que exige programas de reabilitação e restauração”, declarou.
Segundo disse, as autoridades marítimas deveriam ter feito a recolha dos bidões e emitir sinais de alerta para as comunidades piscatórias, quando o navio “Ilha do Sal” tinha naufragado na ilha do Maio e ter jogado os bidões de combustível ao mar, mas não o fez.
Fonte: Inforpress // Ad: Redação Tiver