O Conselho Deliberativo da Liga Independente dos Grupos Oficiais do Carnaval de São Vicente (LIGOC-SV) informou hoje que não haverá desfile nem concurso oficial entre os grupos de Carnaval em 2026.
A informação foi avançada em conferência de imprensa pelo vice-presidente do Conselho Deliberativo da LIGOC-SV e presidente da Escola de Samba Tropical, David Leite, acompanhado pelos representantes dos grupos Monte Sossego, Vindos do Oriente e Estrela do Mar.
Aquele responsável adiantou que esta é uma posição da Liga e que a conferência de imprensa foi convocada por decisão conjunta da Direcção Executiva e do Conselho Deliberativo. O presidente, Marco Bento, não pôde estar presente por motivos de saúde.
Segundo David Leite, a decisão foi tomada pelo Conselho Deliberativo após uma reunião com o presidente da Câmara Municipal de São Vicente (CMSV), Augusto Neves, durante a qual este revelou que “não existem condições para atender aos pedidos das agremiações”.
Criação de estaleiros, desbloqueio faseado das subvenções, atribuição de uma sede à LIGOC-SV e realização de um estudo de impacto económico e financeiro do Carnaval de São Vicente são as solicitações feitas, segundo a mesma fonte.
“A LIGOC-SV é o órgão colegial responsável pela organização dos desfiles oficiais. E o Conselho Deliberativo é o órgão estatutário que, reunido em plenária, decide sobre todos os carnavais. Decidiu que não haverá desfiles oficiais. Qualquer grupo é livre de realizar qualquer actividade, inclusive desfile, mas a responsabilidade será exclusivamente do grupo”, afirmou.
Desta forma, sublinhou David Leite, qualquer responsabilidade referente ao Carnaval 2026 recai sobre o presidente da CMSV.
Para o vice-presidente do Conselho Deliberativo da LIGOC-SV, “todos perdem com a não realização dos desfiles, mas esta é a única posição responsável face ao cenário actual”. A Liga, afirmou, “responde pela maioria e pela colectividade”.
“A falta de compromissos institucionais, somada às dívidas acumuladas e à inexistência de recursos básicos para iniciar os preparativos, torna impossível à LIGOC-SV organizar os desfiles oficiais do Carnaval 2026”, justificou.
A mesma fonte afirmou que “esta decisão não foi tomada de ânimo leve, mas resulta de uma reflexão profunda sobre a necessidade de garantir a sustentabilidade e a dignidade do Carnaval do Mindelo”.
“Sem condições estruturais e apoios consistentes, o Carnaval de São Vicente corre o risco de se degradar e perder o nível de excelência que conquistou ao longo dos anos. As melhorias que solicitámos visam o bem da comunidade e acrescentam valor a toda a cadeia da economia criativa do Carnaval”, explicou.
No entender de David Leite, essas melhorias poderiam “impactar de forma significativa” carnavalescos, carpinteiros, costureiras, aderecistas, serralheiros, pintores e todos os envolvidos no espectáculo do Carnaval.
Igualmente, acrescentou, “todo o tecido empresarial local e regional – hotéis, residenciais, pousadas, pequeno comércio, restauração, transporte – bem como o Estado, através do aumento exponencial da colecta de impostos, teriam um aumento significativo dos seus lucros”.
David Leite considera que “é uma decisão de coragem e de amor à cultura”, tomada “com o coração pesado, mas com sentido de responsabilidade, para o bem do Carnaval e de todos”, de forma a garantir no futuro “um Carnaval com qualidade, previsibilidade e organização, em que todos ganhem”.
Sobre o anúncio do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, que afirmou ter transferido 750 contos para os grupos, correspondentes a 50 por cento do financiamento para o Carnaval de 2026, David Leite explicou que os grupos mantêm os valores intactos até receberem um esclarecimento oficial sobre a finalidade do montante.
Isto porque, clarificou, o comunicado do ministério indica que se trata de uma tranche para o Carnaval de 2026, mas a informação de que o Conselho Deliberativo da LIGOC-SV dispõe é que o valor teria sido destinado à resolução de problemas dos grupos.
“Não se tratando de verba para a resolução dos problemas dos grupos, mas sim de orçamento para o Carnaval 2026, terá de ser devolvida à procedência”, concluiu.
Fonte: Inforpress // Ad: Redação Tiver