Solange Ramos conheceu o cancro aos 35 anos, quando ainda amamentava o filho de oito meses. Diagnosticada em 2016, enfrentou sessões de quimioterapia, cirurgia e também a monoterapia — uma fase do tratamento pouco falada em Cabo Verde. Em conversa ao nosso microfone, partilhou a sua experiência e os desafios vividos durante esse percurso.
Em 2016, Solange Ramos via a sua vida perder a cor. Com apenas 35 anos de idade, enquanto amamentava o seu bebé de oito meses, sentiu um caroço no seio. Estranhando a situação, pediu ao marido que também apalpasse. Ele tentou tranquilizá-la, dizendo que não era nada mas Solange não hesitou: procurou imediatamente ajuda médica. Foi assim que recebeu o diagnóstico de cancro da mama, apenas quatro anos depois de ter perdido a mãe para a mesma doença.
Na altura, Solange residia na ilha do Maio. Contudo, devido à falta de especialistas na ilha, teve que regressar à cidade da Praia. O primeiro ginecologista que a atendeu descartou a hipótese de doença, mesmo diante da insistência da paciente. Determinada, Solange seguiu em frente com os exames, que confirmaram o pior: era mesmo cancro da mama.
Já nos Estados Unidos da América para tratamento apenas uma semana após a consulta inicial, regressou ao médico e recebeu duas notícias; teria de realizar uma nova cirurgia, pois, apesar de não ser visível, o cancro já se tinha espalhado no seio. A boa: não havia nódulos na axila. Diante disso, optou pela mastectomia.
A maior dificuldade, segundo ela, foi a distância. Estar longe da família foi doloroso, especialmente por temer os efeitos da quimioterapia — lembranças do sofrimento da mãe com o tratamento ainda eram muito vívidas. No entanto, para sua surpresa, a sua experiência com a quimioterapia foi mais leve do que esperava.
Mesmo após explicações médicas e diversos conselhos para que fizesse a reconstrução da mama, Solange optou por não realizar o procedimento. A principal razão foi a falta de especialistas em Cabo Verde para acompanhar a evolução da cirurgia ao longo do tempo.
Apesar de inicialmente relutar em sair do lado dos filhos, acabou por aceitar o tratamento, pois sabia que a sua saúde era essencial para continuar a criá-los.
Outra história de coragem é a de Helena Silva, que há sete anos viajou para os Estados Unidos da América em busca de tratamento contra o cancro da mama.
A história delas, assim como a de outras mulheres, mostra a importância da informação, do apoio familiar e de um sistema de saúde preparado para dar resposta eficaz a essa realidade.”
Redação Tiver