A proposta de três fases do Egito para pôr fim à guerra na Faixa de Gaza não foi bem acolhida por Israel ou pelo Hamas. Mas os inimigos de longa data também não rejeitaram o plano à partida.
A proposta egípcia para pôr fim à guerra em Gaza não foi bem acolhida por Israel e pelo Hamas. Mas também não foi completamente rejeitada, o que aumenta a possibilidade de uma nova ronda diplomática para deter a ofensiva israelita.
O plano ambicioso de três fases do Egito exige a libertação gradual de reféns e a formação de um governo de transição palestiniano para administrar a Faixa de Gaza e a Cisjordânia ocupada, de acordo com um alto funcionário egípcio e um diplomata europeu familiarizado com a proposta.
Numa primeira fase, o Egipto sugere um cessar-fogo de duas semanas, em troca da libertação de 40 reféns (mulheres, crianças e homens idosos, especialmente os doentes).
Já Telavive libertaria 120 prisioneiros palestinianos e teria de retirar os tanques de Gaza e permitir a entrada de ajuda humanitária. Numa segunda fase, o Egito levaria a cabo negociações para a formação de um governo na Cisjordânia e Gaza que supervisionaria a reconstrução da Faixa de Gaza e abriria caminho para a realização de eleições legislativas e presidenciais.
A terceira e última etapa prevê um cessar-fogo abrangente, a libertação dos restantes reféns israelitas, incluindo soldados, em troca de um número a determinar de prisioneiros do Hamas e da Jihad Islâmica detidos em Israel (incluindo alguns presos devido aos ataques de 7 de outubro).
Israel teria ainda de retirar as suas forças das cidades da Faixa de Gaza e permitir que os habitantes deslocados do norte do enclave regressassem às suas casas.
O funcionário egípcio, que falou sob a condição de anonimato, adiantou que os detalhes do plano foram trabalhados com o Qatar e apresentados a Israel, Hamas, Estados Unidos e governos europeus. O Egito e o Qatar têm mediado as conversações entre Israel e o Hamas. Já os Estados Unidos são o aliado mais próximo de Israel e uma potência-chave na região.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, não comentou diretamente a proposta. Contudo, num artigo de opinião no The Wall Street Journal deixou “três pré-requisitos para a paz”: destruir o Hamas, desmilitarizar a Faixa de Gaza e “desradicalizar toda a sociedade palestiniana”. O gabinete de guerra israelita esteve reunido esta noite para discutir a proposta.
O líder do Hamas na Faixa de Gaza, Yahya Sinwar, disse na segunda-feira, dia de Natal, na sua primeira mensagem pública desde o início da guerra, que esta é uma “batalha feroz, violenta e sem precedentes” contra Israel.
Benjamin Netanyahu respondeu no mesmo dia que Israel expandirá a sua ofensiva terrestre em Gaza nos próximos dias, apesar de os esforços internacionais para travar os combates. Dirigindo-se a membros do seu partido Likud, Netanyahu insistiu que a guerra “não está perto do fim”.
Fonte: Euronews