FOGO: MESA REDONDA REFORÇA COMPROMISSO COM SUSTENTABILIDADE DOS OCEANOS

O município de Santa Catarina acolheu hoje a mesa redonda das comunidades piscatórias do país no quadro da IV Conferência da Década do Oceano, para discutir a pesca artesanal e a conservação e gestão das áreas protegidas.

O encontro, que reuniu pescadores, peixeiras e líderes de comunidades piscatórias das nove ilhas habitadas, reafirma o papel central do oceano na vida e no desenvolvimento das ilhas cabo-verdianas, segundo o presidente da edilidade de Santa Catarina do Fogo, Manuel Teixeira.

O presidente, que presidiu à abertura do evento, disse que é uma honra poder acolher esta mesa redonda neste município para abordar questões com um olhar voltado para o mar, que é a “maior riqueza” e a “mais importante” fonte de rendimento e de vida daquele município.

O mesmo destacou na sua intervenção que a mesa redonda e a própria Conferência sobre Década do Oceano, vai além de um debate técnico ou institucional, mas sobretudo, um momento de escuta activa e diálogo aberto com quem vive do e pelo mar.

A mesa redonda foi apontada como “um dos momentos mais importantes” da conferência e lembrou que para os cabo-verdianos, o oceano não é apenas uma moldura, mas sim a essência da sua identidade e que o “futuro de Cabo Verde é azul” e por isso apelou para acções locais e globais em defesa do mar.

Entre as iniciativas locais o edil de Santa Catarina do Fogo apontou que o seu município tem reforçado parcerias com o Projecto Vitó, a Associação 3Baías e várias organizações comunitárias e estão em curso acções como limpezas de praias, campanhas educativas nas escolas, promoção de práticas sustentáveis de pesca e turismo, além da protecção de espécies ameaçadas.

Manuel Teixeira lembrou que cada iniciativa conta e que esta década possa inspirar a todos a serem guardiões dos oceanos e reafirmou que o futuro de Cabo Verde está no mar, e é nele que se deve investir.

Presente na mesa redonda, o representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Nataniel Moreno, destacou que os oceanos são o “coração do planeta”, e que iniciativas como esta têm “valor inestimável”.

“Esta mesa-redonda é um convite à escuta e à partilha: ouvir os desafios, as ideias e as soluções que nascem nas comunidades é essencial para construirmos juntos um futuro azul, inclusivo e sustentável”, disse o representante da FAO.

A FAO coopera com Cabo Verde há quase cinco décadas, apoiando políticas de pesca sustentável, governação transparente dos recursos marinhos e desenvolvimento da economia azul e através de programas como o EAF-Nansen, a organização apoia os países africanos na recolha e uso de dados científicos para políticas eficazes.

“A inclusão produtiva e social dos pescadores artesanais é uma das chaves para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como erradicar a pobreza (ODS 1), acabar com a fome (ODS 2) e conservar os oceanos (ODS 14)”, sublinhou Nataniel Moreno para quem a sustentabilidade dos oceanos começa nas comunidades costeiras e é nelas que o conhecimento se transforma em acção e onde a ciência ganha vida.

A organização Blue Ventures, representada por Aissata D. Diá, participa pela segunda vez na Conferência da Década do Oceano e reforçou sua aposta na conservação comunitária como chave para proteger o oceano e garantir o desenvolvimento sustentável das comunidades piscatórias.

“A conservação do oceano não é algo abstrato, mas sim concreto, para garantir trabalho digno às pessoas que dependem do mar”, afirmou a representante de Blue Ventures, que lembrou que a sua organização tem apoiado directamente iniciativas em Cabo Verde que colocam os pescadores e as comunidades no centro das decisões sobre gestão marinha e áreas protegidas.

Aissata D. Diá apelou ao engajamento activo de todos os participantes, considerando que a colaboração entre ciência, políticas públicas e comunidades é essencial para a eficácia da conservação e da gestão sustentável.

A mesa redonda nacional destacou-se como um momento de união e escuta mútua, juntando quase 100 pescadores e peixeiras das nove ilhas habitadas de Cabo Verde.

Todos tiveram voz activa nas discussões sobre o presente e o futuro da pesca artesanal, bem como sobre os desafios colocados pela poluição, pelas alterações climáticas e pela concorrência da pesca industrial.

A iniciativa faz parte dos compromissos assumidos pela Presidência da República no âmbito da Década do Oceano das Nações Unidas (2021-2030), demonstrando o empenho de Cabo Verde em ser uma voz activa na protecção dos oceanos, tanto a nível nacional como internacional.

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