A Rússia está disposta a aceitar uma extensão do acordo para a exportação de cereais e fertilizantes ucranianos através do mar Negro, mas só durante dois meses.
O Kremlin diz esperar alterações na forma de funcionamento do acordo que expiranopróximo sábado.
“Não temos objeções a estender a iniciativa (Iniciativa dos Cereais do Mar Negro), mas só durante 60 dias”, sublinhou, através de um comunicado, o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguéi Vershinin, que ressalvou que apesar de esta ter permitido a exportação estável de cereais ucranianos desde agosto de 2022, continua a haver restrições para o lado da Rússia.
“As isenções das sanções para os alimentos e fertilizantes russos anunciadas por Washington, Bruxelas e Londres continuam a não se aplicar”, acrescentou.
No quadro deste acordo, Moscovo quer que o amoníaco russo seja transportado por um oleoduto através da Ucrânia para chegar aos portos do Mar Negro para possível exportação.
Por outro lado, as autoridades russas alegam que as restrições bancárias e os altos custos com seguros prejudicaram as ambições para exportar fertilizantes.
As Nações Unidas e a Rússia retomaram, esta segunda-feira, as negociações para tentar relançar o acordo, que tinha sido em novembro passado prolongado durante 120 dias, e ajudar a aliviar a crise alimentar global.
À chegada ao encontro, em Genebra, o responsável da ONU pelos assuntos Humanitários, Martin Griffiths, e a responsável pela Agência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD no acrónimo em inglês), Rebeca Grynspan, não teceram comentários.
Mas a delegação russa confirmou o arranque das conversações, menos de uma semana após a visita do secretário-geral da ONU a Kiev para debater o relançamento do acordo para a exportação dos cereais com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy.
Na quarta-feira passada, António Guterres sublinhou a importância das exportações de cereais e fertilizantes tanto da Ucrânia como da Rússia serem relançadas perante a atual crise com o aumento galopante do custo dos alimentos em todo o mundo.
Um dia depois, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, disse ser complicado prolongar o acordo, alegando que a parte russa não está a ser respeitada.
O acordo foi alcançado em julho do ano passado, com mediação da Turquia e da ONU.
A Rússia ameaçou abortá-lo em outubro e a 17 de novembro foi prolongado por 120 dias.
Está em vigor até ao próximo sábado, 18 de março, tendo já permitido exportar desde julho mais de 23 milhões de toneladas de produtos alimentares, sobretudo cereais ucranianos, pelo Mar Negro.
Fonte: Euronews