Numa altura em que a invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia entra no terceiro inverno, o presidente russo realizou a conferência de imprensa anual de fim de ano, dois dias depois de um assassínio de um general de alta patente nas ruas de Moscovo, orquestrado por Kiev.
“Quando tudo está calmo, medido, estável, ficamos aborrecidos”, disse o presidente russo Vladimir Putin na resposta à primeira pergunta na conferência de imprensa anual de fim de ano, acrescentando que “é nessa altura que todos querem ação”.
Essa foi a explicação de Putin à pergunta inicial dos moderadores, que lhe perguntaram “quando o mundo está a ficar louco, como é que a Rússia consegue não só manter-se, mas até crescer”.
O presidente russo afirmou que a economia do país está a crescer de forma constante, ao contrário do resto do mundo, onde “a maior economia da Europa, a Alemanha, apresenta um crescimento nulo”.
Putin explicou ainda as razões da alegada estagnação económica da Alemanha: “A soberania é uma noção muito importante. Após a Segunda Guerra Mundial, os alemães deixaram de sentir o orgulho patriótico de serem alemães. Vêem-se primeiro como europeus e só depois como alemães”.
Isto, segundo Putin, traduz-se na prosperidade económica ou na falta dela. Em contrapartida, Putin afirmou que a economia e as empresas russas conseguiram “mobilizar-se” mesmo depois de muitas empresas ocidentais terem abandonado a Rússia após a invasão em grande escala da Ucrânia.
Quando questionado sobre se a vitória da Rússia está mais próxima, uma vez que a guerra em grande escala de Moscovo entrou no seu terceiro inverno, Putin afirmou que a situação está a mudar. As tropas russas estão agora a “conquistar territórios não por 100, 200, 300 metros, mas por quilómetros quadrados”. Depois corrigiu-se, dizendo que as tropas russas não estão a “tomar”, mas a “libertar” esses territórios.
Putin recebeu então uma chamada telefónica pública preparada com uma pergunta de um alegado cidadão da região russa de Kursk, que perguntava quando é que o território de Kursk seria “libertado das tropas ucranianas”.
Putin não deu um prazo exato, afirmando que, no momento em que falava, estavam a decorrer combates ferozes e que não compreendia “porque é que as forças ucranianas entraram no território da Rússia”.
A retórica de Putin não mudou no que diz respeito à invasão em grande escala da Ucrânia, a que Moscovo continua a chamar “operação militar especial”, afirmando que a Rússia atingirá os seus objectivos.
Ao comentar o míssil russo Oreshnik, Putin afirmou que este foi criado com base em projetos russos anteriores que foram aperfeiçoados.
“O Oreshnik é uma arma avançada e muito nova”, afirmou Putin, reconhecendo as afirmações de peritos ocidentais de que o míssil intercontinental se baseia em desenvolvimentos soviéticos anteriores.
O presidente russo sugeriu que os peritos ocidentais que criticam o sistema Oreshnik escolham um alvo qualquer em Kiev e concentrem aí todas as forças de defesa aérea. “Escolham um alvo qualquer em Kiev e instalem lá todos os vossos sistemas de defesa aérea. Vamos ver o que acontece”.
Fonte: Euronews