Todos os partidos da oposição, à exceção da Iniciativa Liberal, votaram contra a moção de confiança ao Governo. Montenegro ainda admitiu suspender sessão se PS apresentasse questões concretas, mas Pedro Nuno Santos não recuou.
A moção de confiança ao Governo foi rejeitada pelo Parlamento esta terça-feira, um ano e um dia depois das legislativas de 2024. PS, Chega, Bloco de Esquerda (BE), PCP, Livre e PAN votaram contra, derrubando o Governo. A Iniciativa Liberal (IL) foi o único partido da oposição a votar a favor, ao lado das bancadas parlamentares do PSD e CDS-PP que suportam o executivo português.
Durante o debate, o primeiro-ministro Luís Montenegro lançou vários reptos à bancada socialista para que fosse encontrada uma solução que não atirasse o país para eleições, mas o PS não recuou, insistindo que o Governo devia retirar a moção de confiança e deixar os esclarecimentos para a comissão parlamentar de inquérito (CPI).
A bancada social-democrata também apresentou um requerimento para suspender o debate e para que o primeiro-ministro pudesse conversar em privado com o líder da oposição, mas sem sucesso.
Por fim, o Governo ainda tentou um golpe de asa, com o ministro dos Assuntos Parlamentares a apresentar uma proposta, particularmente dirigida ao PS, para avançar com a comissão de inquérito, mas em moldes diferentes. Nos próximos dias, o Governo apresentaria a documentação e esclarecimentos necessários, com o compromisso de que em 15 dias seriam apresentados resultados e conclusões.
“É uma proposta construtiva e impede que o país seja enlameado”, argumentou Pedro Duarte.
A resposta do líder do PS foi em sentido contrário, com Pedro Nuno Santos a acusar a bancada do PSD de ter pedido inicialmente “uma comissão privada de inquérito” – uma referência ao pedido de suspensão do debate para que primeiro-ministro e PS conversassem. O PS “não aceita negociatas com o Governo”, traçou, reafirmando a vontade de um inquérito parlamentar nesta legislatura.
A líder parlamentar socialista também considerou que “uma comissão de inquérito de 15 dias não é uma comissão de inquérito” e defendeu como prazo mínimo os 90 dias propostos pelo PS.
“Se querem ser transparentes e mostrar esclarecimentos, retirem a moção de confiança”, desafiou Alexandra Leitão.
Depois de uma interrupção de uma hora pedida pelo CDS-PP, a moção foi finalmente votada ao fim de quase cinco horas de debate, ditando a queda do Governo.
Fonte: Euronews