ENTREVISTA DE PAULINO VIEIRA DIVIDE OPINIÕES EM CV DO CIDADÃO ANÓNIMO AOS AGENTES CULTURAIS

A entrevista concedida à agência Lusa por Paulino Vieira, caiu como uma bomba em Cabo Verde, por duras acusações proferidas pelo músico àquilo que designou de “máfia” da indústria musical do arquipélago.

O multi-instrumentista, compositor, cantor e produtor deu uma entrevista à Lusa em que afirmou que o sucesso da Cesária condenou a música de Cabo Verde ao “extermínio”, não deixando os outros artistas brilharem, e que reduziu a música das ilhas à morna.

Assim que o conteúdo da entrevista começou a ser reproduzido por outros órgãos da comunicação social, as opiniões de centenas e centenas de pessoas dividiram-se e abalaram as redes sociais.

Do cidadão anónimo, comum, aos agentes culturais, as críticas, umas a favor, outras contra, não se fizeram esperar.

O artista plástico, escritor e poeta cabo-verdiano Tchalê Figueira foi um dos primeiros internautas a reagir à entrevista, na sua página social na rede Facebook, acusou Paulino Vieira de ser uma pessoa “rancorosa” e lembrou um episódio que, segundo o pintor, poderá ser a fonte de toda esta polémica.

O ex-presidente do conselho de administração da ASA (2001 a 2015), Mário Paixão, também comentou as afirmações de Paulino Vieira, sublinhando que a maioria ou uma boa parte dos artistas cabo-verdianos vivem no estrangeiro, inclusive o Paulino, que fazem música para todos os gostos.

“Monopólio como? Olha a Mayra Andrade, a Lura, o Zeca di Nha Reinalda, o Gil Semedo, o próprio Paulino Vieira e muitos outros. Têm espaço, liberdade e um mundo para conquistar. A Cesária não conquistou o mundo com comunicados, entrevistas, discursos ou fazendo publicidade. Até porque ela era avessa a essas coisas. Impôs-se no mundo – cantando! Cantando o que queria e se sentia confortável! O mérito foi dela e todos devemos-lhe admiração e gratidão”, vincou.

Há quem, porém, concorde com as críticas de Paulino Vieira e escreva que o próprio fez bem em apontar o dedo a uma suposta máfia que tem controlado a indústria musical do arquipélago

“A opinião do músico Paulino Vieira é uma perspectiva válida e pode ser compartilhada por muitos outros músicos e artistas. Ele sugere que o sucesso internacional da música cabo-verdiana pode ter levado à limitação da criatividade musical no país e que é importante para os músicos cabo-verdianos explorar novos estilos musicais e influências culturais”, escreve um internauta, para quem a “essa perspectiva pode ser vista como uma forma de incentivar a diversidade e a inovação na música cabo-verdiana”.

Um outro internauta vinca que o “politicamente correcto” não tem deixado as pessoas falarem verdade e, por isso, o mundo vai vivendo numa tremenda ilusão.

As críticas de Paulino Vieira sequer são novidades, são antigas. É o jornalista Orlando Lima quem lembra aos internautas disso.

“Há uns 15 anos que o Paulino Vieira tinha feito essas mesmas acusações numa entrevista ao Fonseca Soares, da Rádio de Cabo Verde (RCV). Portanto, nada de novo.

O Paulino Vieira apenas reafirmou uma revolta (?) que, penso, merece ser repensada de forma profunda e desapaixonada, sempre, respeitando aqueles e aquelas que levaram e levam o nome de Cabo Verse bem longe”, apaziguou.

Fonte: Inforpress // Ad: Redação Tiver

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