ESTUDO APRESENTADO EM BRAGANÇA REVELA DIFICULDADES DOS ALUNOS PALOP NO ES

Os estudantes oriundos dos países PALOP e de Timor-Leste em Portugal apresentam pior desempenho escolar, têm mais dificuldades financeiras e queixam-se da demora com a aquisição dos vistos de residência. Segundo um estudo divulgado hoje.

O estudo nacional foi apresentado no Instituto Politécnico de Bragança (IPB), a instituição de ensino que mais alunos de países de língua portuguesa tem captado, e visa o desempenho escolar e as condições de acolhimento dos alunos de língua oficial portuguesa.

Sobre os vistos, Pedro Nuno Teixeira, secretário de estado do Ensino Superior, que marcou presença na apresentação esta tarde com a ministra Elvira Fortunato, disse que a partir do próximo ano letivo será um processo mais ágil.

O estudo, com um grupo de trabalho nomeado pelo Governo e em parceira com o Instituto Universitário de Lisboa e o Instituto Camões, cruza dados da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) praticamente da última década com inquéritos feitos em 2023.

“Há, de facto, diferenças de desempenho grandes entre os estudantes PALOP e de Timor-Leste face aos portugueses. Identificamos isso pelo número de créditos que eles cumprem e das taxas de abandono no primeiro ano”, explicou aos jornalistas Ricardo Biscaia, do grupo de trabalho que apresentou o estudo, citando dados da DGEEC.

“Os estudantes portugueses, de acordo com os dados da DGEEC, cumprem, normalmente, 55 créditos em 60, em média [por ano]. Os estudantes PALOP e Timor-Leste estão na casa dos 35, 40, 45. E este é o desempenho daqueles que permaneceram”, detalhou Ricardo Biscaia.

Segundo dados da DGEEC, no ano letivo 2019/2020, mais de 50% dos alunos de Cabo Verde e da Guiné-Bissau desistiu dos estudos académicos contra 19% dos portugueses.

Para Ricardo Biscaia este é, contudo, um “resultado expectável”, porque há choque cultural “muito grande”, bem como com as bases do ensino secundário.

 Conforme o secretário de estado, Pedro Nunes, propuseram uma agilização do processo no decreto regulamentar para entrada e permanência de estrangeiros em Portugal, explicando que os estudantes já entregam documentação quando se matriculam que tinham que a replicar no antigo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), agora Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).

Num futuro próximo, depois da matrícula presencial, a Direção-Geral do Ensino Superior vai passar os dados à AIMA, o que dispensa a entrevista confirmar a presença do estudante no país.

A dar ênfase a estas questões, Romana Brandão, presidente da Associação de Estudantes Africanos do IPB, considerou o estudo bem feito e destacou o sistema burocrático e o aumento do custo de vida como principais dificuldades dos seus pares.

“(…) Estou aqui desde 2016. Chegou a pagar um quarto a 70 euros, agora os meus colegas pagam 250.  Um documento que fazia em 30 minutos, agora tenho que passar dias atrás de papeladas (…)”, descreveu a aluna de São Tomé e Príncipe, dizendo ainda que há estudantes, sem dados para concretos, que estão em Bragança sem ter conseguido senha para ter o visto de residência e com o da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa caducado.

O IPB lidera o ranking de 15 instituições do país de ensino superior com mais alunos PALOP – 7839 desde 2015 até 2021.

Neste momento, dos perto de 10 mil estudantes do IPB, cerca de 2 mil ao de Países PALOP, 700 entraram neste ano letivo.

Fonte: Lusa // Ad: Redação Tiver

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